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Modernismo no Brasil - 1ª fase (HEROICA)


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A grande busca do Modernismo brasileiro é a da NACIONALIDADE.

Semana de 1922
- Marco inicial do Modernismo no Brasil
- Duração: 13 a 18 de fevereiro de 1922

Principais características:
- rompimento com o Parnasianismo, movimento que se mostrava vazio no conteúdo, preservando somente a forma;
- busca de aproximar a linguagem escrita da falada;
- busca da identidade nacional, sem idealizações, e de uma linguagem brasileira;
- tem um projeto ideológico e estético claro definido

Movimentos:
Pau-Brasil e Antropofágico – defendiam a idéia de que os brasileiros deveriam ir busca na Europa os conhecimentos que o ajudariam a se definir como um povo.

Verde-Amarelismo e Anta – acreditavam que o brasileiro teria que se descobrir por si só, sem auxílios exteriores.

Principais autores:

Oswald de Andrade
- Espécie de mecenas (aquele que banca) do movimento
- Foi ele quem buscou na Europa as tendências que vigoravam à época, como as vanguardas
- Principais obras: Memórias sentimentais de João Miramar; Serafim Ponte Grande.
- Características: rompimento com a sintaxe e pontuação comuns; introdução de elementos do cinema; poesia crítica sobre a História do povo brasileiro; humor; paródia; falta de lógica; fragmentação.

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Erro de português

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

  
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha

Trecho de: “Memórias sentimentais de João Miramar”: fragmentação

Na abertura, Miramar, ainda garotinho, é levado pela mãe ao oratório familiar e lá entre a imagem do manequim, propriedade materna, e a oração, o garoto pensa e reza:
'__ Senhor convosco, bendita sois entre as mulheres, as mulheres não têm pernas, são como o manequim de mamãe até em baixo. Para que perna nas mulheres, amém'.

Mário de Andrade

Principal autor da prosa da 1ª fase
Profundo pesquisador da História do Brasil
Denúncia da realidade brasileira

Anotações sobre sua obra-prima, “Macunaíma”:
- Realização máxima do projeto nacionalista
- Macunaíma representa o brasileiro como um todo: índio, negro e branco, ao mesmo tempo
- Representa ainda o malandro, aquele que busca sempre tirar vantagem
- Piaimã, o comedor de gente, representa os italianos imigrantes, tentando “tomar” o Brasil dos brasileiros
- A muiraquitã seria uma espécie de tesouro nacional, ou a própria nacionalidade do brasileiro
- Macunaíma, ao escolher a portuguesa, ao invés de filha de Vei, a sol, mostra como o brasileiro valoriza mais o que vem de fora do que o nacional
- O fato de o anti-herói tornar-se brilho inútil das estrelas demonstra como a vida do brasileiro é vazia, sem ideais
- Forte presença do Surrealismo
- Lendas indígenas e negras estão presentes em todo o livro, realçando o caráter nacional

Merece destaque ainda seu livro: “Amar, verbo intransitivo”, em que uma família de burgueses contrata uma alemã para iniciar o filho na vida sexual. A alemã sofre com a idéia de pertencer a uma raça superior e ter que se submeter a trabalhar para uma família burguesa sem cultura e sem “sangue nobre”.

Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"_Ai, filha, que te darei pelos teus anos[
_Um colar... Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"

Come! Come-te a ti mesmo, oh, gelatina pasma!
Oh! pureé de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte a infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fui! Fora o bom burguês!...

Manuel Bandeira

Autor que introduz as inovações do Modernismo na poesia, como:
- abandono da métrica;
- introdução de temas do cotidiano na poesia, mas de forma lírica;
- linguagem simples e coloquial;
- textos com aparência de prosa;
- crítica social e reflexão filosófica.

Interessam principalmente os livros: “Estrela da Manhã” e “Libertinagem”, recorrentes em muitos vestibulares nos últimos anos. Seguem alguns textos fundamentais:

Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Satélite
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão-somente
Satélite.
Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:Coisa em si,
- Satélite.
Poema Tirado de uma Notícia de Jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem [número

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.


Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.

- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
 
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
Porquinho-da-Índia

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
  

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