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SAGARANA - GUIMARÃES ROSA - RESUMOS SIMPLES


Sagarana (à maneira de lenda)

- Em “O burrinho pedrês”, em “Conversa de bois” e em “A volta do marido pródigo”, os animais se transformam em heróis, questionando o saber dos homens com o seu suposto não saber.

- Importância dos fracos, dos ignorados, que nas histórias ganham força e importância, na sua hora: burrinho, corpo fechado, conversa de bois.

- O sertão

- O universalismo

- Linguagem do sertanejo: estrupiz (estrupício); esquipado; agalopa; antão (então)

- Termos arcaicos e regionais

- Neologismos (invenção de palavras através das possibilidades da língua): desamistoso; gadaria; sonhice; tererém-tem-tém (onomatopéia, inclusive); malsorteante; transformoseava

- Presença do místico, do maravilhoso

- Travessias: burrinho pedrês e conversa de bois

O burrinho pedrês

- valorização dos animais
- todo mundo tem sua hora e sua vez
A trama desse conto, como nas demais narrativas de Guimarães Rosa, é relativamente simples. O velho burrinho Sete-de-Ouros, por falta de outras montarias, é engajado para levar uma boiada vendida pelo dono da fazenda, o major Saulo. Durante a viagem, ficamos sabendo que o vaqueiro Silvino quer matar o vaqueiro Badu, por causa de uma moça. Francolim, que é uma espécie de ajudante-de-ordens do major, denuncia a briga ao patrão, mas nada é feito para evitá-la.
Silvino chega a provocar um acidente, com o intuito de fazer os bois atropelarem Badu. Quando vê que não consegue matá-lo desta forma, planeja fazê-lo pessoalmente, na viagem de volta, depois de atravessarem o ribeirão cheio pelas chuvas. Nesse retorno, Badu está bêbado. Por isso, os demais vaqueiros deixam-no com o burrinho Sete-de-Ouros. Ao atravessarem o ribeirão, morrem na enchente oito vaqueiros, inclusive Silvino. Badu é salvo heroicamente pelo Sete-de-Ouros, que consegue chegar à outra margem e ao descanso merecido. Traz, vitorioso, o bêbado apaixonado na sela e Francolim agarrado no rabo...
A volta do marido pródigo

- ideologia do malandro
Lalino Salathiel é um mulatinho descarado: simpático, malandro, enganador e esperto. Não é só rei dos sapos, mas também pertence à tribo de Leonardo, de Memórias de um sargento de milícias, e de Macunaíma: os heróis sem nenhum caráter. Sabe como poucos contar uma estória. A chave para entendê-lo melhor está em suas contínuas alusões a peças de teatro, quase sem ter visto nenhuma. Ele parece constantemente representar, em tudo o que faz ou fala.
Sua esposa, Maria Rita, abandonada por ele, passa a morar com o espanhol Ramiro. Quando volta das aventuras no Rio de Janeiro, Lalino consegue recuperá-la das mãos do espanhol, que afugenta para longe.

Sarapalha
Há uma narrativa principal, que é bem simples: dois primos (Argemiro e Ribeiro), atacados pela febre terçã, recusam-se a sair de onde estão, a fazenda de Ribeiro. Enquanto esperam chegar os acessos da febre, vão lamentando a doença e a partida da esposa de Ribeiro. Em certo momento, Argemiro revela que havia se apaixonado pela esposa do outro, mas sem ter faltado com o menor respeito a eles, já que nunca contara o fato a ninguém. Ao saber disso, Ribeiro o expulsa da fazenda, e Argemiro vê-se obrigado a enfrentar o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão (febre).
A outra história que aparece no conto é a da partida da esposa de Ribeiro, que o abandonou por um vaqueiro. Ribeiro, entretanto, prefere ouvir uma história em que ela é raptada pelo diabo...
Duelo

Turíbio Todo é um seleiro papudo, vagabundo, vingativo e mau, nas palavras do narrador. E sua esposa não parece ter melhor caracterização, uma vez que trai o marido e depois finge aceitá-lo de volta, sem se desligar do amante.
O militar Cassiano, um Don Juan, amante da esposa de Turíbio, é surpreendido (sem saber) em flagrante pelo marido traído. Para vingar o adultério, Turíbio pensa assassinar o rival, mas descobre que matara na verdade o irmão dele. Inicia-se aí uma Segunda vingança: não mais um marido buscando o amante da esposa, mas um homem (Cassiano) buscando o assassino do irmão.
Turíbio, então, passa de perseguidor a perseguido e, embora ao alvejar o homem errado tenha demonstrado incompetência, consegue escapar às perseguições de Cassiano, querendo cansá-lo. O militar sofria do coração e, com o esforço da perseguição, poderia encontrar a morte, por causa da doença.
Até esse ponto, Turíbio acerta. O coração fraco de Cassiano leva-o à morte, mas o destino tece armadilhas totalmente inesperadas. A vingança de Cassiano se completa pelas mãos de um capiau, que, de acordo com o quer prometera ao militar, em seu leito de morte, encontra Turíbio e inesperadamente o mata.

Minha gente

- troca de casais
- É um conto que fala mais do apego à vida, fauna, flora e costumes de Minas Gerais que de uma história plana com princípios, meio e fim.
- lirismo
Neste conto, o moço da cidade vai passar uma temporada no campo, onde ocorre a história. Acha que se apaixona pela prima, Maria Irma, mas acaba se casando com a amiga desta, Armanda, que de repente o encanta para sempre. A prima então se casa com Ramiro, o ex-noivo da amiga, também muito satisfeita. Este final feliz é claramente reconhecido pelo personagem-narrador no último parágrafo do conto: E foi assim que fiquei noivo de Armanda, com quem me casei, no mês de maio, ainda antes do matrimônio da minha prima Maria Irma com o moço Ramiro Gouveia, dos Gouveias da fazenda Brejaúba, no Todo-Fim-É-Bom.
O nome do local - Todo-Fim-É-Bom - coincide exatamente com o desenlace da narrativa.
Há também a história de Bento, um marido adúltero morto pelo marido da amante.
São Marcos

- misticismo
Há duas histórias neste conto. Uma delas, bem menor, é inserida no meio da outra, que conta a desavença entre o narrador e um feiticeiro. Por ter ridicularizado o negro Mangalô. José, o protagonista, torna-se alvo de uma bruxaria. Mangalô constrói um boneco-miniatura do inimigo, e coloca uma venda em seus olhos, o que faz José ficar cego, perdendo-se no meio do mato. Para conseguir achar o caminho de volta, mesmo sem enxergar, ele reza a oração de São Marcos, sacrílega e perigosa.
-Em nome de São Marcos e de São Manços, e do Anjo Mau, seu e meu companheiro...
-Ui! Aurísio Manquitola pulou para a beira da estrada, bem para longe de mim, se persignando, e gritou:
-Pára, creio-em-Deus-padre" Isso é reza brava...
Com o poder dado pela oração, mesmo cego José encontra a casa de Mangalô, ataca o negro e o obriga a desfazer a feitiçaria.
A outra história, dentro desta, constitui um pequeno episódio no qual José fala de um bambual onde ele e um desconhecido travam um duelo poético; o desconhecido fazendo quadrinhas populares, e ele colocando poemas como nomes de reis babilônicos.
Corpo fechado

Esta é uma história de valentões e de espertos, de violência e de mágica: Manuel Fulô (aliás, Manuel Viga, ou Manuel Flor, ou Mané das Moças, ou Mané-minha-égua) era dono de uma bela mulinha, na qual se exibia todo orgulhoso. Por conviver algum tempo com os ciganos, aprendeu deles toda a sorte de truques possíveis, envolvendo animais de montaria. Quando decide casar, Targino, um dos valentões (aliás, um dos últimos) da cidade cisma em ter para si a noite de núpcias:
-Escuta, Mané Fulô: a coisa é que eu gostei da Das Dor, e venho visitar sua noiva, amanhã...Já mandei recado, avisando a ela...(...) um dia só, depois vocês podem se casar...Se você ficar quieto, não te faço nada...
Para enfrentar o valentão, Manuel faz uma troca com uma espécie de curandeiro da vila: dá-lhe sua mulinha e em troca o outro faz um feitiço para lhe fechar o corpo. Então, Manuel sai à rua a fim de enfrentar Targino, com a reprovação de todos. Acontece que este erra todos os tiros e Manuel o mata com sua faquinha.
Conversa de bois

- valorização dos animais e das crianças

Os personagens desta história, além da irara, são onze: o carreiro Agenor Soronho, o menino-guia Tiãozinho, o defunto seu pai e os oito bois do carro.
O carreiro é o bandido: amante da mãe do guia, maltrata o menino, órfão de pai. Os maltratos de Agenor ao menino vão num crescendo, até que os bois intervêm: começam a conversar entre si, contam histórias, comentam a vida e, enfim, percebem a maldade de Agenor e o sofrimento do menino. No final, os bois, humanizados, unem-se psiquicamente ao menino. Ele, então, consegue superar sua fraqueza com a força dos bois. Aproveitando que Agenor havia dormido perto da roda do carro, os bois e o menino dão um arranco forte e matam o carreiro, cuja cabeça é quase cortada.

A hora e vez de Augusto Matraga

- todo mundo tem sua hora e sua vez

Augusto Matraga é um fazendeiro é um fazendeiro violento e beberrão, criador de casos e boêmio, que não respeita as pessoas nem a família. Sua esposa, Dinorá, suporta-o pelo medo que tem da reação do marido se tentar se separar. A filha, por sua vez, não consegue entender por que o pai age dessa maneira.
A mudança na vida de Matraga vem depois de uma emboscada que sofre. Dado como morto, a mulher e a filha vão embora com Ovídio Moura, que quer Dinorá por companheira. Augusto Matraga, moribundo, é socorrido por um casal de pretos, que consegue o milagre de fazê-lo sobreviver aos ferimentos.
Quando se recupera, Augusto vai para longe com o casal, tentando acertar o passo de sua vida, perdida e desregrada. Passa, então, um período de ascese, em que busca o sofrimento como forma de purgar os pecado.
Depois de se dedicar durante muito tempo ao trabalho, sem conforto ou diversão, Matraga decide voltar ao saber que a mulher estava feliz com Ovídio, mas a filha havia se prostituído.
Na viagem, reencontra o chefe jagunço Joãozinho Bem-Bem, que havia hospedado em sua casa, e com quem fizera amizade.
Mas Augusto e o chefe jagunço se desentendem, pois este queria vingar a morte de um capanga e, na ausência do assassino, pretendia matar alguém de sua família. Matraga acha isso injusto e enfrenta o parente Joãozinho Bem-Bem.
No final do conto, ambos morrem, mas Augusto parece ter consigo a sensação do dever cumprido.


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