Gil Vicente
A Farsa de Inês Pereira
A peça foi escrita por ocasião de um desafio feito pelos nobres. Cansados de serem desmoralizados nas peças do escritor, acusam-no de plagiar o teatro espanhol. Em resposta, ele sugere que lhe seja dado um tema, sobre o qual escreverá uma nova peça. O tema foi o ditado popular: “Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”.
A peça tem início com a entrada de Inês Pereira cantando e fingindo que trabalha em um bordado. Logo começa a reclamar do tédio deste serviço e da vida que leva, sempre fechada em casa. A mãe, ouvindo suas reclamações, aconselha-a a ter paciência. Lianor Vaz aproxima-se contando que um padre a assediou no caminho. Depois de contar suas aventuras, diz que veio trazer uma proposta de casamento para Inês e lhe entrega uma carta de seu pretendente, Pero Marques, filho de lavrador rico. Inês aceita conhecê-lo apesar de não ter se interessado pela carta. Pessoalmente, acha Pero ainda mais desinteressante ainda e recusa o casamento. Sua esperança agora está nos Judeus casamenteiros a quem encomendou o noivo de seus sonhos. Depois de haverem procurado muito, os atrapalhados Latão e Vidal dizem ter encontrado um escudeiro que se encaixa nas exigências de Inês. Antes de vir conhecê-la, porém, o tal Escudeiro, na verdade, pretensioso e falido, combina com seu mal-humorado pajem as mentiras que dirá para enganar Inês. O plano dá certo e eles se casam. Logo no início da nova vida, o sonhado marido revela-se um tirano que não deixa sequer a esposa aparecer na janela. Mas logo ele segue para a guerra, deixando-a guardada pelo seu pajem. Três meses depois, Inês recebe uma carta do irmão dela avisando-a de que o marido morrera nas mãos de um pastor. Finalmente em liberdade, a moça não perde tempo. Seguindo o conselho de Lianor Vaz, aceita casar-se novamente, agora com Pero Marques. Quando Inês está começando a perceber as vantagens de seu novo casamento, surge um ermitão pedindo esmolas e se identificando como um velho apaixonado de Inês. Já prevendo os futuros prazeres nos braços de seu amante, ela segue em romaria carregada nas costas por Pero e cantando suas felicidades futuras ao lado do marido com vocação para ser traído.
- Mais uma vez o caráter crítico à sociedade portuguesa e a sátira moralista
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