Tipos de preconceito linguístico que você fala e, às vezes, nem sabe
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Um clássico termo preconceituoso que muita gente não sabe é a
palavra “judiar”. Judiar quer dizer maltratar, fazer sofrer, e vem da palavra
“judeu”, ou seja, quando você diz judiar está dizendo “tratar como os judeus
foram tratados”. Que tal trocar por “maltratar”?
Nossa língua também é machista... Dois exemplos são.
Primeiro, as palavras “patrimônio” e “matrimonio”. Pater vem do latim e é
associada na nossa língua muitas vezes a “pai”. “Nomos” vem do grego e quer
dizer “grupo social”. Patrimônio indica bens e está ligado ao PAI! Já matrimônio tem o radical “mater” e
quer dizer mãe. Matrimônio indica casamento e está ligado às MULHERES! Ou seja,
o homem procura os bens e a mulher procura casamento. Não sou eu que estou
dizendo, é a nossa língua portuguesa.
Toda língua é ideológica. Toda língua traz em si uma carga de
ideologias, de pontos de vista, de julgamento de valores. José Luiz Fiorin, em
seu livro “Linguagem e ideologia” aborda o assunto. Bakhtin e
Foucault também abordam o assunto com profundidade. São na realidade dois dos
maiores.
Outro exemplo de preconceito contra mulheres é que nossos
plurais são necessariamente no masculino. Podemos ter 50 mulheres e um homem
que o plural será masculino. Exceção ao caso é o plural de “avô” e “avó”, que
vira “avós”.
Vimos exemplo de preconceito com judeus, com mulheres e é
claro que nossa língua reforça o preconceito contra negros. Vejamos alguns...
“Denegrir” quer dizer tornar negro. Lista negra é a lista
ruim, de perseguição, da morte. O humor cruel é o negro. “Serviço de preto”. “A
coisa tá preta”. “Mercado negro”. Se alguma coisa é ruim em português, a chance
de ela estar associada com os negros é imensa. Assim, afundamos uma cultura
inteira também através da língua.
Muitas pessoas acreditam que o curso de letras é um curso em
que as pessoas decoram a gramática. Nada mais equivocado e atrasado. Letras é
um curso muito variado e, na minha opinião, uma de suas maiores riquezas é a
Análise do Discurso. Além dela, recomendo o estudo de Etimologia e também de
História da Língua. Recomendo muito que vocês procurem mais a respeito.
Se for do desejo de vocês, posso fazer no mês que vem uma
sequência para esse vídeo, já que não faltam exemplos de preconceitos embutidos
em nossa língua, preconceitos que ajudam a elite a se consolidar como elite e a
manter os “inferiores” lá embaixo, cá embaixo?!
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